dezembro 02, 2013

És mais ou menos um veneno, fiel à discordância de concordar com o que era suposto.

É um desalinho alinhado de vontades, completas e vazias, como um desenho inacabado. Escrevo, é verdade: talvez porque não me dói o peito ao ponto de parar (quem me dera estar ferido a tal ponto). Não há lágrima que molhe a nostalgia de uma vida passada, e que a apague: está escrita em lápis eterno, cenas da malta nova dos anos 2000, acho eu. Diante as folhas amachucadas, rebobino a cassete das nossas vidas como numa revolta repentina, e relembro o doce cheiro a rosas que te envolvia nas madrugadas de Setembro, um quase-Primavera, depois de um árduo Inverno. A tua pele era madrasta: fazia-me continuar colado a ti, como um post-it, mesmo depois das discussões que marcavam os nossos dias, ou o vazio que as tuas disparidades me causavam. Que frio. À noite os monstros não dormem debaixo da minha cama, dormem na minha cabeça, com pesadelos que me impedem de pregar olho. Acho que se chama a isto "amor" mas não sei se te amei. Recordo-te - isso é certo - mantendo-te vivo no meu pensamento, embora pensar em ti me mate e me devore, como a Branca de Neve ao provar a maçã envenenada, oferecida por uma Bruxa disfarçada que me relembra em muito, caracteristicas da tua pessoa. Aquela beleza proporcional (falsa, por isso mesmo) que encaixava com cada pormenor meu, perfeita demais para conseguir coleccionar, algum dia, rancores de ti, mesmo depois de me fazeres chorar à vida, pela vida, numa vida que me atraiçoou. És mais ou menos um veneno, fiel à discordância de concordar com o que era suposto - não sei porquê, estou preso a ti como um animal selvagem numa jaula, lá num Circo qualquer para os lados do Norte. Já me estou a alongar com estas metáforas de merda e discursos repletos de trocadilhos.
Tenham uma tarde cheia de antagonismos, ó gente da minha terra.

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