fevereiro 09, 2013

Valor, Loucura

Os valores humanos, quem os tem, por completo? Ninguém. Ninguém sente o que não pode ver. Ilusões.
Dizem que o amor juntas as pessoas, mas ninguém ama totalmente se não quando é amado. Amam-se as ilusões de ter e possuir alguém, e amamos a ideia de posse, a ideia de que estamos protegidos por algo que nos é superior, algo que nos aconchega, que é mais forte, mais maduro e, ao mesmo tempo, mais fiel. Amam-se os sentidos, amam-se os tempos, amam-se as vontades, amam-se corpos vestidos, enquanto imaginamos o que está debaixo das roupas. Mas o amor... Esse sentimento doentio e deprimentre, não pode juntar as pessoas. Não acredito que o mesmo amor possa magoar tanto alguém, como a seguir consegue completá-la. Dizem que o amor não tem truques, mas tontos daqueles que concordam com esse pensamento. O amor está cheio de truques e manhas. Primeiro deixa-nos tontos, depois vêmos tudo demasiado nítido - e começamos a entrar num estado de loucura inquietante, com vontade de ter -, de seguida, deixa-nos poetas lamechas: faz-nos ler poemas, ler citações que ninguém lê, deixar bilhetes de despedida - mesmo que apenas façamos uma viagem até ao supermercado -, faz-nos dar beijos prolongados, faz-nos oferecer o corpo - usando o nosso ser como um simples objecto - e, o mais grave, faz-nos ficar doentes de amor, que, para mim, é a pior das piores doenças.
Ficar doente de amor é ficar triste sem saber porquê, sentir que somos incompletos sem existir completação possivel, criar em nós dois mundos - o mundo do querer e o mundo do ter: ou queres e tens, ou queres e não tens, depressão da vontade.
 Não posso crer que também, como dizem alguns idiotas como eu, este pequeno grande sentimento mova montanhas - e elas que são tão grandes - porque quem as move é, sem sombra para dúvidas, o tempo. Não há tempo que não ajude o amor a florir, e não há flor que não dê em amor sem o tempo.  O tempo, esse desajeitado que nos baralha a razão e nos confunde as curvas do corpo, magoando-as sem pedir desculpa. O tempo que nos deixa felizes, depois tristes, e assim, num círculo vicioso, tanto nos ajuda a cair, como nos ajuda a levantar: de preferência, que nos ajude a levantar sem mãos ajudantes, provenientes de um outro ser que nem goste de nós. Ninguém gosta de ti, isso é apenas uma ilusão que criamos na nossa mente, com o propósito de nos sentirmos aconchegados. Apenas tu próprio gostas de ti, porque apenas tu mesmo te percebes, te conheces, te entendes, te amas. Apenas tu podes te acordar, te adormecer. Tu mandas no teu corpo, mesmo que ninguém concorde com isso, mesmo que te gritem com rancôr, mesmo que te batam com amargura, até mesmo que te obriguem a sentir menos e incapaz, com medo de não conseguirem ser aquilo que tu és.
Sê o teu próprio ombro amigo, sê a tua força, sê o teu valor. Valoriza-TE, ama-TE incondicionalmente.   

*** Ana Silvestre

1 comentário: