Texto criativo referente à obra A Birra do Morto, de Vicente Sanches.
Poema, Dor de viver.
Naquele tempo de insónias
Onde os bichos corrompem, rasgam almas,
Mentem, criam calúnias das histórias,
De embalar, para eu adormecer eternamente.
E quem acha que este mundo é puro, pobre dele, é louco
Porque o que ontem eram sorrisos,
Hoje pode ser muito pouco.
Choro, para adormecer eternamente.
Se eu quiser morrer, na ideia de permanecer vivo,
Felizes daqueles que me vêm partir, para longe.
Onde o sol não brilha, mas há um raio agressivo,
Que te mata, que te mói, que te cega daqueles que te
dizem amar,
Vivo, para adormecer eternamente.
Eu não quero morrer… Sozinho, como um lixo da vida,
Mas, por mais que grite, por mais que faça barulho,
Há quem tenha tudo, há quem tenha a dívida...
De ter vivido, por entre os nefandos mortais.
E esses, verdadeiros desonrosos do mundo,
Que hoje pedem para que eu vá e que não volte jamais,
Morrem comigo, porque eu levo-os a todos na dor do meu
viver,
Neste caixão que me sufoca…
Fechem os olhos, para adormecermos eternamente.
Neste poema, enquadrado na obra A Birra do Morto, tencionei fazer referência à maldade de todos
aqueles que viram a personagem O Morto
partir e, também, a todos os que fizeram pressão para que isso acontecesse.
Este poema é como que um pensamento desta personagem, um desabafo, face à vida
e aos falsos amigos que se diziam ser fieis, quando tinham todos a mesma
vontade e finalidade: ver este enterrado.
***
Ana Silvestre
Sem comentários:
Enviar um comentário