março 01, 2013

A profundidade de uma imagem

Olá! Venho apresentar-vos quatro pinturas/desenhos que considero bastante belos e interessantes, pela sua maneira eficaz de nos transmitir sensações diversas e profundas.


Este retrato, executado por Claralieu, mostra-nos um desconhecido, cujo corpo encontra-se num "todo" preto e abafado pelas suas pernas que se espalham em várias pinceladas, como se os seus pés não tivessem assentes no chão e fossem obrigados a andar a divagar por entre este estranho mundo, criando um efeito distorcido da realidade. Numa forma simples, este retrato é eficaz ao ponto de nos conseguir transmitir, apenas a partir de tons pretos, uma história, uma vida passada de pura obscuridade e sombriedade.
 Esta pintura, criada por Ryck Rudd, mostra-nos um homem vivido, sombrio e, ao mesmo tempo que veste uma camisa branca - dando-lhe um tom angelical -, mostra um rosto culpado, exacerbado pelas pinceladas adjacentes à face, com cores pouco vivazes e neutras, sendo um contraste bastante eficiente. Podemos também observar este retrato de outra maneira, como sendo a de um homem de cor negra, contrastando com a cor branca de uma camisa, mas que, contudo, obtém presente no seu rosto diversas cores, mostrando ser um homem negro mas vivido, universal, culpado/rebaixado pela sociedade pelo seu tom de pele escuro. Este homem remete diversas cores num só rosto - facto incontestável, num pano de fundo cinzento e relativamente uniforme.
 Este retrato, criado por Samantha Wall, mostra-nos uma mulher louca, num estado insano e perturbante, num momento de clímax supremo, onde o desejo superou a razão da sua existência. Em tons brancos e pretos acinzentados, esta mulher apresenta traços bastante realistas - como uma fotografia - onde o cabelo se encontra desfocado, prendendo a nossa atenção, pelo facto de estar disperso e irremediavelmente manchado, criando um contraste entre o rosto sublime da mulher e o que está acima dela. Os seus ombros estão rijos e sua língua toca no céu da boca, acompanhando o seguimento dos seus olhos, que penetram no cabelo vertical e confuso, como uma maneira de mostrar o desassossego presente na imagem.
Neste retrato, elaborado por Simon Riley, podemos verificar os tons azulados de um cabelo disperso e confuso, notando-se uma profundidade escura nas faces da mulher. Observa-se uma mulher confiante, de lábios pintados de um vermelho escuro, manchando as suas mesmas bochechas com essa cor provocante, revelando atos proíbidos que possa ter feito na sua vida. O seu olhar é penetrante e insubstimável, sugerindo um passado obscuro, de rígidas vivências, de paixão, de um ardor profundo. A sua face provoca-nos arrepios, procurando respostas no nosso olhar, tal é a sua obscuridade e perplexidade, como um lugar por descobrir. Esta mulher possui os lábios tensos, como se pretendesse contar-nos algo que lhe é negado, impossibilitado pela própria sociedade onde se encaixa.

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Ana Silvestre

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