ASPECTOS DO PETRARQUISMO NA LÍRICA CAMONIANA
Em Petrarca,
encontra o poeta a temática que serve de evasão à sua sensibilidade,
conseguindo, por vezes, ultrapassar o modelo.
A crença na
Eternidade, a atitude tímida do poeta perante a mulher divinizada,
são aspectos petrarquistas, presentes no soneto “Alma minha gentil, que te
partiste”
Em Petrarca,
assenta, também, o mundo de contradições
em que mergulha a alma de Camões e que ele traduz, de uma forma singular, no
soneto onde define o amor, cujos efeitos, porque ele próprio os experimentou,
tão bem soube enunciar: “Amor é um fogo que arde sem se ver”
A beleza
feminina encontra em Camões cambiantes variados. Mas o modelo de beleza que
lhe transmitiu Petrarca, quer de natureza física, quer espiritual, ocupa um
lugar de relevo na sua lírica feminil: “Ondados fios de ouro reluzente”, “Um mover de olhos brando e piadoso”
É um modelo
difícil de desenhar, de definir, a mulher que inspirou este último soneto. Por
isso, utiliza o indefinido, sem chegar a um esboço que não seja senão o da
riqueza de reflexos espirituais, interiores.
No soneto “Transforma-se
o amador na cousa amada” evidencia-se o neo-platonismo, embora o poeta
não se limite a ficar pela ânsia espiritual. O desejo córporeo
concretiza-se no fecho do soneto.
Camões é ainda
petrarquista pela forma como trata a natureza e como dela se aproveita,
ora servindo de cenário às suas meditações, ora como reflexo do que
lhe vai na alma. A natureza aparece também, embora com outra intenção, ao
tratar o tema da mudança.
***Adaptado de Literatura Prática, de Lilaz Carriço
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