Agarras-me, depois de cuspires
no prato onde como e observo os teus restos de pão;
Já não há migalhas que completem essa tua fome fingida.
Desconheço quem sem conhecer,
Fez-se de conhecido à miragem de ser quem sou;
Já não há nada para além de um sorriso amargo e
Cansado, derrotado pelo transporte de um verso solto.
Desculpa se não sou o brilho que nos ilumina.
(Nunca serei essa incandescência)
Houve sempre em nós uma pressa de
Chegar e agarrar, possuir, abusar;
Houveram sempre palavras sujas, num rodopio de ventos e marés.
Se hoje me pedires para voltar, volto com a mão no bolso,
À espera de te ouvir chorar mais
E mais, e mais uma das muitas vezes que ao ouvir-te,
Limpo os cantos dos olhos, inundados nesse poço de infindável angústia.
Se soubesses, meu querido amor,
O quanto gosto de ouvir a tua melodia...
***
Ana Silvestre
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