março 21, 2014

DOCE MORTE


Oh, doce beleza que me fascina
Se me deixasses entrar em ti, e tocar
Esse teu corpo esguio, sugaria-te
A alma e tudo o que houvesse para além de ti:
A carne, a escorregar no meu leve pensamento.

Deixas-me fantasiado com os teus ossos frios e finos,
Que parecem sair no tempo, por entre o tempo;
Quanto mais te vejo, mais me revejo: Sei bem o quanto me fazes mal
Mas faria-me pior não conhecer os meus limites.

Se o pecado mora em ti, morarei também eu, eterno pecador nas asas do anjo negro que te caracteriza.

Tocar-te é sentir o céu e o inferno, numa mistura que não atenua a dor de nunca te sentir por completo.
Aquele sossego inquietante que é estares tão perto e tão
Longe que a dor é somente a esperança de.

De? De. Já não te defino.
Minha doce morte.


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