janeiro 10, 2014

O Frio deste Inverno.

Aquele corpo gelado e imóvel, já não dançava como d'antes. Lembro-me do tempo em que o tempo corria contra nós. Lembranças que o sacana não destrói, por eu ter sido a única culpada pela tua destruição. Tomara que Deus fosse palpável e abraçasse aquele pedaço de carne, rijo e teimoso, que não teima em acordar da morte em que vive. Tomara que, por diante dos olhos invejosos dos demais, fingisse ser qualquer coisa mais quente: que emanasse calor. Sei lá eu, que seja o que for. Mas que seja completo, sustentado pela imcompleta definição do que é viver: derramar lágrimas quando a música toca no íntimo do ser; a amargura de ver alguém partir lá para cima (lá para os confins, onde mora a saudade e o desalento tomou conta das almas perdidas e revoltadas); a doçura de acariciar um cão abandonado pela chuva e por Ele; a satisfação em levantar alguém do chão quando as fracas forças pesam mais que a mente barulhenta; ou as boas vibrações que, ao ser as únicas esperanças, embalam as crianças da rua, os mendigos do espaço, os loucos moradores da nossa febril Lisboa, fazendo tremores na terra.
Tu não fazes disto, não. Vagueias por ali e acolá, queimado pelo sol que te molha a cara de sangue, na estranha convicção de que ao virar da curva, vais pestanejar pela última vez. Que é feito de ti, encharcado com o peso da água morna de um mar vermelho? Que o espelho te acorde e que te faça ver o estado em que andas. Que, de alguma forma, te traduza o que te parece indecifrável: Que te falta esperança, mudança e amor. Amor próprio, disso sei eu que te falta muito. Então que Ele deixe de ser preguiçoso e te ajude, que te abraçe, que te sugue essa má energia que te consome, e te dê alguma vida - aquela que eu tempos deitei por aí.

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